sábado, 18 de agosto de 2012

OS FILHOS DE RODRIGO



O Major Rodrigo de Vasconcellos Bittencourt e a sua esposa Umbelina saíram das Minas de Rio de Contas em fins do século XIX, deixando o filho Faustino em Livramento (Vila Velha) e tomando o rumo de Casa Branca, em São Paulo. Anos depois, por volta de 1914,  Faustino visita o pai levando consigo o seu filho mais velho, Osório, recém casado. Não há contudo outros relatos de contatos sistemáticos entre os ramos “baiano” e “paulista” da família.
Ao que tudo indica esta migração esteve relacionada ao crescimento econômico daquela região sulista, ao passo que a atividade econômica no alto sertão da Bahia, nem de longe, apresentava o vigor da época do ciclo do ouro.
Os reais motivos que levaram Rodrigo e família a migrar e as relações de parentesco que estabeleceram ao longo da vida é uma questão que ficou sem resposta por muito tempo. Aos poucos, no entanto, foram surgindo indícios que, se não respondem de todo as dúvidas e questionamentos, vão lançando luz sobre o tema e permitindo que se conheça um pouco mais sobre os parentes que se foram. A partir de conversas com parentes mais experientes e idosos e de documentos encontrados recentemente, foi possível chegar a um grande número de nomes de pessoas, homens e mulheres, que adotavam o sobrenome Vasconcellos Bittencourt, seja na Bahia quanto em São Paulo.
Sobre os ancestrais de Rodrigo ainda prevalecem sombras. Sabe-se que três irmãos Vasconcellos Bittencourt vindo dos Açores haviam aportado em terras baianas no fim do século XVIII, início dos século XIX, no entanto, o grau de afinidade familiar entre aqueles açorianos e o Major Rodrigo ainda precisa ser melhor explorado.
Do lado dos seus descendentes, contudo, identificou-se, de início, três filhas, com base em informações obtidas em cartório de registro de casamento ou nascimento de Tambaú (SP). São elas: Eugenia, Umbelina e Camilla, todas nascidas nas Minas do Rio de Contas. Posteriormente, o achado de antigas anotações familiares deram conta da existência de mais três irmãos: Zacarias, Gabriel e Osório - todos "de Vasconcellos Bittencourt".
Mais recentemente, surge outra irmã, aparentemente a mais velha - Virgínia, nascida em 1867 e morta precocemente em 1900, quando suas irmãs mais novas sequer haviam  se casado.
Sobre estes irmãos e irmãs, obteve-se informações escassas, exceto quanto a Osório Vasconcellos Bittencourt, que atuou nos Correios e Telégrafos de Casa Branca. Mensagens trocadas com um dos seus descendentes – um neto – confirma as informações de que conviveram com Osório, suas irmãs Eugenia ( também identificada como Tia Dona)  e Umbelina. Osório, filho de Rodrigo, teve dez filhos.
Os nomes de Osório e Gabriel constam ainda de decretos de nomeação para membros da Guarda Nacional, em Casa Branca. Nomeações estas comuns no final do século XIX e inicio do século XX.
No caso de Virgínia, a informação vem mais completa. Uma árvore genealógica diligentemente construída por seu bisneto, traz registros fotográficos de Rodrigo e Umbelina, assim como as datas de nascimento(1845) e morte(1937) de Rodrigo, o que até então eram somente estimativas. Informa a mesma fonte ter Virgínia Vasconcellos Bittencourt (1867-1900) casado com César Cândido Spinola (1866-1936) ainda em Rio de Contas, e que tiveram cinco filhos: Octacílio (1888-1910), Osvaldo, Ormesinda (1891-1968), Almerinda (1893-1972) e Maria (1901-     ). Destes, pelo menos Octacílio, o primeiro filho de Virgínia e César Cândido, nasceu em Rio de Contas.


Umbelina

Rodrigo




Resta ainda estabelecer-se vínculo de parentesco entre Rodrigo e José Vasconcellos Bittencourt (Cel. Cazuza) e seu irmão Augusto. Estes últimos proprietários da Fazenda Terra Vermelha, onde casaram as filhas e se viu nascer os netos e netas de Rodrigo e Umbelina.
Em Casa Branca, deve-se observar que há variados registros históricos sobre a ocupação da região por açorianos, entre os quais um decreto real de D. João VI, datado de 25 de outubro de 1814, determinando a construção de vinte e quatro casas para ilhéus oriundos daquele arquipélago português. Os colonos teriam como objetivo o desenvolvimento da agricultura da região.
A presença de açorianos naquela municipalidade paulista pode significar que houve motivações adicionais para o deslocamento da família desde o sertão baiano, ou seja, outras ligações familiares ou de aproximação com patrícios portugueses, pode ter estimulado a migração.
Por enquanto é o que temos. Abaixo, apresenta-se um resumo dos descendentes de Rodrigo e Umbelina a partir de todas as informações coletadas. Adota-se na transcrição uma sistemática características dos estudos genealógicos, relacionando pais, filhos, netos.

1.        RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT (I)
e UMBELINA DE VASCONCELLOS MAGALHÃES e tiveram os seguintes filhos:

2       M   i     FAUSTINO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
3       F    ii    VIRGÍNIA DE VASCONCELLOS MAGALHÃES
4       F   iii    EUGÊNIA DE VASCONCELLOS MAGALHÃES
5       F   v    UMBELINA DE VASCONCELLOS MAGALHÃES
6       F   iv   CAMILLA DE VASCONCELLOS MAGALHÃES
7      M   vi   OSÓRIO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
8      M   vii   ZACARIAS DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
9      M   viii  GABRIEL DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
10    M   ix    FERNANDO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT

2. FAUSTINO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT (RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT)
       FAUSTINO casou-se com CAMILA RIZÉRIO DE MOURA e tiveram os seguintes filhos:
11     M    i     OSÓRIO RIZÉRIO DE VASCONCELOS
12     M    ii    JOSÉ MOURA DE VASCONCELOS
13     F    iii   BELA RIZÉRIO DE VASCONCELOS
14     M   iv   VIRGÍLIO RIZÉRIO DE VASCONCELOS
15     M   v    CAMILO MANOEL RIZÉRIO DE VASCONCELOS
16     M   vi   MANOEL CAMILO
       
FAUSTINO teve um relacionamento com SERGIA e tiveram as seguintes filhas:
17      F    i     ANÉSIA
18      F    ii    MARIQUINHA
19      F    iii   ZINZINHA
20      F    iv   FILDELCINA

FAUSTINO casou-se com FRANCISCA MARIA DE VASCONCELLOS CASTRO e tiveram como filho:
21      M    i    LEÔNIDAS

3 VIRGÍNIA DE VASCONCELLOS MAGALHÃES (RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT)  nasceu em 1867, Rio de Contas (BA) e faleceu provavelmente em 1900, em  Tambaú (SP),
VIRGÍNIA casou-se com CESAR CANDIDO SPINULA nascido em Salvador em 25 de dezembro de 1866 e falecido em 25 de JUL de 1942, em Casa Branca (SP)
VIRGINIA (nome de casada VIRGÍNIA DE VASCONCELLOS SPINULA) E CÉSAR tiveram os seguintes filhos:

22    M  i   OTACÍLIO DE VASCONCELLOS SPINULA
23    M  ii   OSVALDO DE VASCONCELLOS SPINULA
24    F   iii  ORMESINDA DE VASCONCELLOS SPINULA
25    F   iv  ALMERINDA DE VASCONCELLOS SPINULA
26    F   vi  MARIA DE VASCONCELLOS SPINULA

4 EUGÊNIA DE VASCONCELLOS MAGALHÃES (RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT) nasceu em aproximadamente 1884, em Rio de Contas (BA).
EUGÊNIA casou-se com MANOEL BALBINO NOGUEIRA DE CARVALHO nascido aproximadamente em 1883
EUGÊNIA e MANOEL BALBINO tiveram os seguintes filhos:

27     M   i   JOSÉ VASCONCELLOS NOGUEIRA DE CARVALHO
28     F    ii UMBELINA DE VASCONCELLOS CARVALHO
29     F   iii ISAURA LUZIA CARVALHO Nascida em  16 NOV 1912 em Tambaú (SP).

5. UMBELINA DE VASCONCELLOS MAGALHÃES (Filha) OU UMBELINA DE VASCONCELLOS CARVALHO (RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT)  nascida em aproximadamente 1884 em Rio das Contas (BA)
UMBELINA casou-se com ANTÔNIO NOGUEIRA DA SILVEIRA em 27 MAI de 1909 em Tambaú (SP) e tiveram como filho:

30  M  i  OTACÍLIO NOGUEIRA DE CARVALHO nasceu em 20 APR 1912 in Tambaú (SP).

6. CAMILA DE VASCONCELLOS BITTENCOURT (RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT)  nasceu em  1890 em Rio de Contas, Bahia
CAMILLA casou-se em 24/JUN/1908, aos 18 anos, com JOSÉ GARCIA DE FIGUEIREDO, 21 anos, solteiro, lavrador, natural de Casa Branca, filho legítimo de JOSÉ GARCIA CERQUEIRA LEAL e D. MARIANNA CANDIDA DE FIGUEIREDO
CAMILLA E JOSÉ tiveram os seguintes filhos:

31      F   I     ISOLINA nascida em 01 AUG 1909 in Tambaú (SP)
32      M  ii    CARINO nascido em 05 FEB 1911 in Tambaú (SP)
33     M   iii   NICANOR nascido em JAN 1913 in Tambaú (SP). Falecido em 22 OUT 1913 in Tambaú (SP)
34     M  iv   ANTENOR DE FIGUEIREDO nascido em 09 SEP 1914 em Tambaú (SP). Falecido em 30 APR 1984 in Assis (SP)

7      OSÓRIO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT (RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT) nascido em Rio de Contas em fins do século XIX.
OSÓRIO Casou-se com AMANDA DE VASCONCELLOS BITTENCOURT e tiveram os seguintes filhos:

35    F  i      ALBERTINA DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
36    F  ii     ALICE DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
37    F  iii    CORINA DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
38    F  iv    LEONILA DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
39    F  v     NAIR DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
40    F  vi    GENNY DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
41    F  vii   APARECIDA DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
42   M  viii   ALVINO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
43   M  ix    AUGUSTO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
44   M  x     PLINIO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT

8      ZACARIAS DE VASCONCELLOS BITTENCOURT(RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT) nascido em Rio de Contas entre 1875-1890
         ZACARIAS casou-se com OLINDA MEIRA BITTENCOURT e tiveram os seguintes filhos:
         45  M  i      LAURINDO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
         46  M ii      OLAVO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
         47  M iii     ELÍDIO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
         48  F  iv     MATILDE DE VASCONCELLOS BITTENCOURT CARVALHO
         49  F  v      EROTILDE DE VASCONCELLOS BITTENCOURT OLIVEIRA

         50  F  vi     CLOTILDE  DE VASCONCELLOS BITTENCOURT
         51  F  vii    DOMETILDE DE VASCONCELLOS BITTENCOURT

9     GABRIEL DE VASCONCELLOS BITTENCOURT(RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT) nascido provavelmente em Rio de Contas em fins do século XIX.
          GABRIEL casou-se com AUTA DE MOURA BITTENCOURT 

10  FERNANDO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT (RODRIGO DE VASCONCELLOS BITTENCOURT) nascido provavelmente em Rio de Contas em fins do século XIX.
         FERNANDO casou-se com ORDÁLIA GARCIA LEAL e tiveram filhos:

           52    M   i      ALVINO VASCONCELOS LEAL
         53    M   ii     FERNANDO VASCONCELOS LEAL
         54    M   iii    ALÍPIO VASCONCELOS LEAL
         55    M   iv    EDUARDO VASCONCELOS LEAL
         56    M   v     ALCIDES VASCONCELOS LEAL
         57    M   vi    ADELINO VASCONCELOS LEAL
         58    F    vii   CLARICE VASCONCELOS LEAL
         59    M   viii  ARLINDO VASCONCELOS LEAL
    


terça-feira, 14 de agosto de 2012

MARCOLINO MOURA, O ABOLICIONISTA


Marcolino Moura, natural das Minas do Rio de Contas, viveu entre o segundo quartel do século XIX e inicio do século XX, descendendo de abastada e poderosa família na região do Alto Sertão da Bahia. Embora fossem os Moura possuidores de grande número de escravos, este fato não impediu que Marcolino se destacasse no panorama nacional como um líder abolicionista.

Um registro importante sobre a prática escravista da família Moura tem como figura central o seu avô Martiniano José de Moura Magalhães. Era abril de 1817, e Marcolino só viria ao mundo 21 anos depois, mas naquele dia, o seu avô mandou chamar várias pessoas da sua relação de amizade para testemunharem a elaboração da carta de alforria de uma sua escrava chamada Martinha.

Alforria esta bem paga, pois custara a Martinha não apenas o seu trabalho, a humilhação da perda da liberdade e os maus tratos costumeiros, mas também teve que pagar a quantia de 130 mil réis! Uma indenização paga ao seu "dono", e aceita por ele em razão do "bom comportamento" e da forma como a escrava havia tratado ano após ano "com amor e zelo os filhos pequenos de seu senhor".

Para formalizar o ato, compareceram escrivão, testemunhas e não faltou, inclusive, recibo da operação, ficando tudo devidamente registrado em cartório. Dias depois, entretanto, aconselhado por um dos seus filhos, resolve voltar atrás alegando ser insuficiente o valor recebido como pagamento.

Martinha, não só fugiu como ingressou na Justiça, que diante da documentação apresentada e depoimento das testemunhas do ato de alforria, não teve outra alternativa senão dar ganho de causa à ex-escrava, garantindo-lhe a liberdade (1).

Se o neto chegou a conhecer esta história não se sabe, mas o certo é que desde cedo Marcolino (1838-1910) teve contato com as ideias libertárias que circulavam pela Escola de Direito de Recife, onde ingressou no início da década de 1860. Apesar de afastar-se em 1865, para lutar como voluntário na Guerra do Paraguai, retomou os estudos, e dois anos depois, concluiu o curso, tornando-se bacharel.

Na Escola de Recife foi contemporâneo de Joaquim Nabuco (1849-1910), Castro Alves (1847-1871) e Rui Barbosa (1849-1923), todos eles abolicionistas.

Membro do Partido Liberal e da Sociedade contra Escravidão, Marcolino foi Deputado Provincial na Bahia, em seguida Deputado Federal (1877, 1878-1881), Deputado Constituinte (1890-1893), e novamente Deputado Federal (1894-1896, 1897-1899, 1900-1902, 1903-1905). No total, desenvolveu a atividade parlamentar por quase 20 anos.

O surgimento das candidaturas abolicionistas, não apenas a de Marcolino, se baseava na visão de que as mudanças deveriam vir através do Parlamento. Por isso mesmo, o movimento contra a escravidão se desloca dos teatros para as ruas, com a organização de bazares, quermesses, reuniões, passeatas, procissões cívicas, comícios. Este foi também o caso de Joaquim Nabuco, Jose Mariano, José do Patrocínio, e outros. “Confiantes na permeabilidade do sistema político às suas demandas, os abolicionistas investiram forte numa mudança por dentro das instituições políticas, num ciclo de mobilização dos votos." (2)

Nabuco e o grupo de abolicionistas ao qual se vinculava baseavam-se na defesa de uma solução negociada, no âmbito do parlamento, sem rupturas ou violência. Neste sentido, merece registro o debate no Congresso em torno do "Projeto sobre o elemento servil" do qual participavam entre outros Joaquim Nabuco e Marcolino Moura, em março de 1879. Tratava-se de discutir uma proposta que instituía um imposto sobre o rendimento auferido com a atividade produtiva com a participação de escravos. Com o tributo arrecadado seria constituído um Fundo de Emancipação para a supressão gradual da escravidão.

Neste debate, Nabuco fundamentava a proposta, sendo contestado pelo deputado conservador Martinho Campos alegando que justamente os proprietários de escravos é que não deveriam pagar impostos, pois "o escravo não representa senão o trabalho do senhor", nenhum caiu do céu, e arremata: "temos a pior das propriedades". Neste momento, Marcolino Moura sai em apoio a Nabuco e declara: "é a pior das propriedades, mas os senhores a defendem com todas as forças" (3).

Marcolino não foi pródigo em discursos em sua passagem pela Câmara Federal. Certamente, seus pronunciamentos mais contundentes estiveram relacionados à defesa de sua iniciativa de lei sobre a aposentadoria dos militares que atuaram na Guerra do Paraguai. Sobre a questão da escravidão, conforme registrado em uma breve descrição das suas atividades elaborada pela Câmara dos Deputados, sobressaem suas intervenções sobre "O elemento servil", nas sessões de 4 de setembro e 12 de novembro de 1880 (4).

Não sendo um homem de muitas palavras, seus apartes eram breves. Numa publicação editada pelo Congresso e dedicada aos discursos de Joaquim Nabuco acerca da Abolição registram-se em suas 553 páginas, sete intervenções de Marcolino Moura, nenhuma delas se estendendo por mais de uma frase (5).

Se não foi homem de palavras, no entanto, não se pode dizer que não fora homem de ação, o que se pode constatar nas notícias sobre a sua participação na Guerra do Paraguai. Sobre este o assunto ver em http://vasconcelosbahia.blogspot.com.br/2012/05/um-moura-na-guerra-do-paraguai.html

Marcolino Moura foi indiscutivelmente um abolicionista, além das suas intervenções no Congresso, integrou o Grupo Abolicionista, participou da criação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão e do jornal Abolicionismo.

Para compreender a natureza deste movimento que levou jovens de famílias escravistas a abraçar o abolicionismo, tomemos as palavras de Pedro Calmon. O renomado historiador baiano considera que a Abolição foi "um movimento aristocrático". Foram os interessados materialmente na exploração do escravo, a ala juvenil da casta proprietária, uma parte da "nobreza agrícola" dos cafezais e dos canaviais, que golpeou "com o braço robusto, o regime servil" (6).

Parte da explicação para o envolvimento de Marcolino Moura contra a escravidão, inclusive obtendo apoio eleitoral de figuras proeminentes do alto sertão como o Coronel Exupério Canguçu, pode estar na perda da importância relativa da prática escravista na região com a migração de grandes contingentes para São Paulo, o que fez diminuir em 55,1% a população escrava da Bahia, somente entre 1864 e 1874 (7).

Por tudo isto cabe resgatar a importância deste baiano da Boa Sentença, terra dos Moura, atualmente distrito do município de Rio de Contas, batizado com o nome do ilustre filho Marcolino.

NVJ 14/08/2012

Fontes:
(1)       "Senhores nos bancos dos réus", de Ricardo Tadeu Caíres Silva.
(2)       "A teatralização da política: a propaganda abolicionista" Angela Alonso - Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011
(3)       Joaquim Nabuco - Discursos Parlamentares (1879-1889), Instituto Progresso Editorial, São Paulo
(4)       Câmara dos Deputados, pesquisa elaborada a partir do SILEG – Módulo Deputados, em 27/03/2012.

(5)       Perfis Parlamentares 58, edição de 2010, com seleção de discursos elaborada por Gilberto Freire.
(6)       A Abolição. In: A Revista do Arquivo Municipal". São Paulo. Pedro Calmon, 1938, citado em tese de Ricardo Tadeu Caires Silva "caminhos e descaminhos da Abolição", 2007.
(7)       Bahia Sec. XIX, uma Província do Império. Kátia Mattoso. RJ, 1992. 

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