domingo, 16 de abril de 2017

Um patriarca dos Vasconcellos Bittencourt

De todas as andanças e buscas sobre a origem dos Vasconcellos Bittencourt no Alto Sertão da Bahia, na região onde hoje estão os municípios de Livramento e Rio de Contas,  constitui o relato mais frequente a versão de que três irmãos que vieram dos Açores - José, Manoel e Francisco, teriam desposado três irmãs descendentes de um açoriano chamado Thimóteo Spínola de Souza.

Poucos registros documentais são encontrados, seja sobre a saída dos Açores ou a chegada à Bahia daqueles Vasconcellos Bittencourt. Diferentemente, há registros sobre Manoel de Vasconcellos Bittencourt, um dos irmãos que casaram com as Souza Spínola, no caso a Sra. Anna Delfina. 

No livro de passaportes da Graciosa, nos Açores, no ano de 1833, é reportada a saída de uma família com destino ao Brasil, para receber herança. Esta família é constituída por Manoel de Vasconcellos Bittencourt, à época com 42 anos, sua esposa Anna Theodora, 36, um filho do primeiro casamento, Francisco, 24 anos, e mais dois filhos novos, Manoel, com 9 anos e José, com 7 anos.

O registro do casamento de Manoel e Anna Theodora, em 1823, nos Açores, lê-se a anotação da sua condição de viúvo de D. Anna Delfina de Souza Spinola. Manoel, o filho, nasceu em dezembro de 1823, e o mais novo, José, nasceu em janeiro de 1826.

Os pais de Manoel eram Braz de Vasconcellos Bittencourt e Gertrudes Naves Vasconcellos, que dentre outros filhos identifica-se dois José - um nascido em 1785 e outro em 1794, ambos registrados na matriz de São Matheus, no Concelho de Santa Cruz, na Ilha da Graciosa.

Na análise do inventário de Timóteo Spinola, falecido em 1824, identifica-se referência como herdeiros, em decorrência de casamento com suas filhas, três Vasconcellos Bittencourt: José, Manoel e Francisco.

Há vários apontamentos da presença de José de Vasconcellos Bittencourt na Bahia, mas a única que sugere ser o mesmo José encontrado nos Açores, é aquela encontrada no inventário de Timóteo. As duas famílias tiveram relações de proximidade, desde o arquipélago. Na Graciosa, de onde se originam é mencionado no registro de casamento de Manoel, acima referido, assim como figura como testemunha do registro de nascimento do mesmo Manoel, em 1791.

Entre outros registros de José de Vasconcellos Bittencourt, na Bahia, ressaltamos:1) Em 1838, ao testemunhar no inventário de Sebastião José da Silva Meira; 2) No mesmo ano, num recibo de hipoteca, assina José de Vasconcellos Bittencourt ao lado de Martiniano Moura de Albuquerque e de José Inocêncio Cangussu.

José e Gertrudes tiveram um filho também chamado José, nascido em 1812, conforme registro de batismo. Este último é o provável tenente-coronel José de Vasconcellos Bittencourt, mencionado em: 1) Em 1863, em um episódio que envolveu outro Tenente-Coronel da Guarda Nacional, Joaquim Augusto de Moura, futuro Barão de Vila Velha; 2) Numa lista de eleitores de Rio de Contas, publicada em O Monitor, edição de 5 de novembro de 1876, figurando como eleitor daquela localidade, ao lado de diversos Vasconcellos Bittencourt.

Outras menções a José de Vasconcellos Bittencourt são encontradas no inventário de Rodriga de Castro Meira, falecida em 3 de dezembro de 1863, com quem havia se casado. José e Rodriga eram os pais de Rodrigo de Vasconcellos Bittencourt, bem como do Coronel José de Vasconcellos Bittencourt Júnior, também conhecido como Coronel Cazuza, em Tambahu - SP, radicados no final dos anos 1800 na região da Mogiana, Casa Branca, São Paulo. Além desses dois descendentes do casal, o inventário aponta Geracina Cândida de Vasconcellos Meira, casada com Deolindo de Souza Meira, Francisco Meira de Vasconcellos e Cleia de Vasconcellos Meira.


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