Cocô

Contava meu pai um fato acontecido com uma professora de Ubiraçaba, distrito de Brumado. Estreante na profissão, atuava nessa época num grupo escolar que funcionava no povoado de Samambaia.  Embora sua família morasse na região, hospedava-se na casa de amigos, pois ficava mais perto da escola.

Certo dia, em plena aula, a professorinha teve vontade de ir ao banheiro, uma necessidade súbita que se revelou constrangedora. Na escola, entretanto, não tinha sanitário. Tentou protelar ao máximo o desfecho da situação. Mas não era fácil. Já incomodada, o suor escorrendo pela testa, os alunos foram percebendo que havia algo errado no comportamento da "fessôra". Não podendo mais aguentar, imediatamente a professora passou um "dever de classe" e saiu pelo corredor, entrando no primeiro cômodo que encontrou. Ali mesmo, em um cantinho, aliviou suas angústias. Rapidamente, antes que um aluno curioso saísse à sua procura, enrolou o cocô bem enrolado num papel, planejando se desfazer do produto na primeira oportunidade, afinal não poderia largar ali aquele pacote. Pensou em jogar no caminho de casa, pois passava por um matagal pra chegar no povoado, mas a meninada da escola gostava de acompanhar a professora e, naquele dia, em especial, parece que estavam adivinhando alguma coisa, pois só a deixaram quando chegou  em sua hospedagem.

Quando perguntavam - aluno pergunta tudo - o que era aquilo que ela estava carregando, desconversava, perguntava pela mãe do menino, puxava outro assunto. Um garoto mais endiabrado foi logo dizendo: "esse negócio tá fedendo professora".

Mas não davam chance a ela de se livrar do incômodo embrulho. Rumou casa adentro com aquele pacote e o escondeu. Só depois de dois dias a professorinha, finalmente, conseguiu se livrar  da encomenda.
Esse tipo de história é assim, conta-se o milagre, mas não se revela o santo, a não ser que ela própria resolva se manifestar.

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