De volta do curso que fez em Jequié, e já retornando de vapor de Salvador pra Cachoeira, Nilton atravessou para São Félix. Lá, ele lembra de ter tomado uma coca-cola pela primeira vez. Não conhecia, foi numa barraquinha no meio da rua, estava meio quente e achou ruim. Tomou porque viu todo mundo tomando, devia ser novidade. O certo, como ele dizia, é que tomou esta coca-cola e depois, não lembrava quanto tempo, pegou o trem para Contendas do Sincorá.
Chegou em Contendas já à noite, e todo mundo foi dormir em uma pensão, só tinha essa lá, não havia outra alternativa. Quando foi no outro dia, estava na pensão e viu um movimento grande, coronéis importantes, viajantes, todos querendo ir para o sertão como ele, e não tinha como. Poucos de carro, entre os quais o seu padrinho Marcolino.
Então, ele estava lá deitado e ouvindo alguém perguntar informação: “é um rapaz que está hospedado, que chama Nilton Vasconcelos, de Brumado?” Levantou rápido e foi lá saber o que era: “o que é que tem?”, e o rapaz respondeu, “Não, é que estou com a recomendação do Coronel Marcolino pra, se você estivesse aqui, levar pra Brumado. Ele não tinha notícias, achou que era a maneira que você tinha pra voltar, porque estava vencendo o prazo do curso, é você?” “Sou”, respondeu. “Então eu vou te levar”.
Um camarada quis dar dinheiro a ele e ao motorista para deixar ir junto, e Nilton disse: “Não, de maneira nenhuma”, e o motorista também: “Olhe, o carro é do padrinho dele e eu estou aqui com essa recomendação de buscar ele, não posso levar mais ninguém”. O fato é que ficou muita gente importante sem meio de transporte, mas o afilhado do Coronel Marcolino seguiu com o motorista.
De volta a Brumado foi nomeado vacinador municipal, ganhando duzentos mil réis por mês. Só recebia quando completava um ano. O dinheiro que recebeu, pagou os trezentos mil réis que o padrinho tinha emprestado pra viagem e ficou com o resto.
Ficou contratado como vacinador por dois anos, e lamentava que quando Landulfo Alves deixou o Governo do estado, Pinto Aleixo, que o sucedeu, acabou o cargo de vacinador. Pra completar, assumiu a prefeitura Antônio Risério Leite, primo carnal do seu pai, e um dos primeiros atos foi demitir Nilton, alegando necessidade de economizar.
Pois é, parente no governo às vezes é bom, às vezes não é.
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