Espingarda se coronha


Nos anos 30 pra 40, Nilton e Celina foram festeiros de Santo Antônio. Lá em Ubiraçaba se festejava o Santo Antônio no segundo domingo de julho, e a Santa Bárbara, no primeiro domingo de dezembro.
Pois bem, quando não havia quem se apresentasse para ser festeiro do ano seguinte, havia o sorteio. O certo é que na véspera, depois da missa, foi feita a escolha do encarregado da organização da festa do ano vindouro, e o escolhido foi Seu Filadélfio, que era muito farturento, apesar de ser uma pessoa pobre.

Geralmente, na entrega da bandeira que representava a incumbência recebida pelo festeiro do ano seguinte, ia uma harmônicazinha tocando, aquele movimento, e lá começava... bebia, comia, soltava foguete e aquela coisa toda. Então foi aquele povo todo pra casa de Seu Filadélfio. A casa tinha uma calçada alta, e era um pouquinho pra fora do comercinho.
Quando chegamos lá, ele abriu a porta e falou:
- meus amigos, eu espero contar com a boa vontade de vocês pra eu fazer a festa, dar o mesmo brilhantismo que vocês deram neste ano. Mas o que eu quero dizer é que casa sem mulher é igual espingarda sem coronha. Elisa não está aqui, eu estou só, e nada posso oferecer a vocês, e dá licença...
Recebeu a bandeira e fechou a porta. Fez a festa muito bem, mas no dia que recebeu a bandeira, o povo que foi procurando bebida e comida, ficou sem nada.
Pois é isso, "casa sem mulher, é espingarda sem coronha".

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