Idas e voltas

Terminado o curso de vacinador que Nilton foi fazer em Jequié, em 1942, o difícil era voltar pra Brumado. Não tinha um meio de transporte regular. Nesta viagem de volta é que acabou conhecendo Salvador.
Um menino da capital que também fez o curso foi que falou assim pra ele: "você vai comigo de trem até Nazaré das Farinhas - na época tinha uma estrada de ferro Jequié-Nazaré. Aí vamos até São Félix, atravessamos a ponte para Cachoeira e você espera o trem que vai para Contendas". Pareceu uma boa ideia, pensou Nilton: "de Contendas arranjava um jeito de chegar ao meu destino".
Assim é que pegaram o trem e na estrada acabou convencido que era melhor ir até Salvador, pois o vapor era barato e saía melhor do que ficar pagando pensão em Cachoeira, e ainda conheceria a Capital. Como ele próprio dizia, Nilton era meio besta nesse tempo, já com vinte anos, mas todo inexperiente.
O certo é que desembarcaram lá na Navegação Baiana, deu a mala para um ganhador, reparou no número do tíquete pra pegar a bagagem depois. Subiu com o menino o elevador Lacerda e foi parar numa pensão, não sabia nem como, alguém deve ter orientado. De noite, ou no outro dia, foi à casa do colega na Avenida Beira Mar e depois voltou pra pegar a embarcação.
Pra voltar pegou o mesmo o vapor pra Cachoeira. Chegou ali e viu aquele pessoal todo sentado numas cadeiras tipo preguiçosa ou deitado em rede. Pediu uma preguiçosa também pra ele. Deitou e ficou olhando o movimento.
Daqui a pouco, pra surpresa dele, passou um camarada cobrando duzentos réis pela cadeira e outro valor pela rede.
Teve que pagar os duzentos réis, contrariado, o dinheiro já estava acabando, e ainda tinha que pegar o trem pra Contendas e depois um transporte pra casa.

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