Seu Jeremias já era considerado um homem velho e a surdez atrapalhava o entendimento com as pessoas. O certo é que os amigos resolveram arranjar um casamento para ele com uma moça, também velha, que morava numa casa que ficava já na saída de Samambaia.
A moça disse que aceitava casar, se juntar, mas que ela criava um bode e dele não se separava. O velho Jeremias só pensava mesmo no casamento e disse que o bode não era problema, mas que não poderia ficar dentro de casa. Ela concordou, e disse que o bode era criado dentro mas que ficava fora. Tudo acertado, foi assim que se "ajuntaram".
No primeiro dia, o bode dormiu do lado de fora. Dormiu é maneira de dizer, porque berrou a noite toda. Não dormiu nem o bode nem a mulher, que ficou penalizada. O bode berrando e ela acordada, sentida. O velho Jeremias, "beneficiado" pela surdez, não ouviu nada.
No dia seguinte, tanto ela pediu e insistiu que botaram o bode dentro de casa. Mas o bode continuou a berrar e bater com a cabeça na porta do quarto.
No terceiro dia, não deu outra, o bode foi pra dentro do quarto. Ela amarrou o bode na beira do "como é que chama", e o bode continuou berrando. Foi aí que ela disse: "é que o bode sempre dormiu comigo na cama".
Na cama não! Bradou Jeremias. "Se é assim, escolha, ou eu ou o bode".
Não deu outra, ela preferiu ficar com o bode e o casamento foi desfeito.
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