Respeito

Uma história contada por meu pai, Nilton Lima de Vasconcelos, por ele mesmo:
Depois dos anos 30 a gente morava em Santa Bárbara. A gente morou por lá algum tempo, depois Pai construiu uma casa a uns 500 m, 600 m dali, num lugar chamado Fazenda. Lá era uma manga. Um sítio. Criava umas vacas, umas coisas e tal, e ficava longe do Lamarão, da fazenda mesmo, uns 6 ou 7 km.
Certo dia Pai precisava ir pro Lamarão.
Lá, nessa ocasião, a gente costumava tomar café cedinho, levantava e tomava a “xicrinha” de café preto. Mais tarde tomava o café com massa e qualquer coisa. E Pai ia pro Lamarão. Amanheceu o dia, tomou café, e já tava pra ir pro Lamarão.
Então, Mãe falou prá mim:
- Olhe, você vai na rua pra poder comprar o açúcar.
Agora, eu não sabia que era pra Pai tomar o café pra ir pra roça. Achei que pai já tinha ido pro Lamarão. Então fui lá, comprar o açúcar.
Eu era viciado em jogo demais. Cheguei lá na rua, juntei com os companheiros. Eram todas pessoas já de idade. Ali jogava era a dinheiro. Comprei o açúcar e eu botei assim na prateleira, e fiquei jogando.
Tô jogando, e deu 8 h, e 9, e 9 e tanto, 10 horas.
Quando eu vi, foi Pai botando a mão na porta, nas duas portas, e disse assim:
- “É! açúcar não perde, se fosse carne já tinha perdido”.
Isso porque tinha acontecido há uns meses ou anos passados, que alguém que foi comprar uma carne e botou atrás da porta e entrou no jogo. Um dia, dois dias, aquilo tava fedendo de um jeito... Era a carne que tinha perdido. Então se não fosse açúcar já tinha perdido.
O certo é que voltamos pra casa, Pai montado a cavalo e eu a pé. 
Eu cheguei primeiro do que ele.

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