Subindo a ladeira

Esse texto está longe de se transformar num guia para viagem, quando muito é um relato sobre aventura, sobre acontecimentos um tanto aleatórios, um tanto caóticos, sobre sorte, sobre ter uma leve noção do que fazer e o resto ser completado pelas circunstâncias.

Num típico estilo "deixa a vida me levar", seguimos nosso percurso, tateando os lugares. Foi assim, que ao passar em frente ao colégio da Ordem dos Salesianos, em Santa Cruz de la Sierra, lembrando do liceu que havia estudado em Salvador, na cara de pau de mochileiros, pedimos para dormir ali. Era tempo de férias escolares e sem problemas nos deixaram dormir na sala de aula mesmo, enrolados em nossos cobertores.

Recuperado o fôlego, fomos verificar como chegar até Cochabamba, e o ônibus que serpenteava a montanha por caminhos íngremes e estreitos era a opção disponível. O novo trecho, embora tivesse apenas 476 km, uma vez percorrido, alcançaríamos  2.574 metros de altitude. Uma subida e tanto.

Naqueles dias um ônibus havia despencado para o abismo numa das curvas da estrada. Muita calma nessa hora. Para subir as escarpas das montanhas era preciso ziguezaguear numa estrada de terra e pedra que somente em alguns momentos poderia comportar dois veículos, um em cada sentido. Pista de acostamento não havia.

Sãos e salvos, em 13 de janeiro, chegamos a Cochabamba no planalto boliviano, uma cidade mais antiga, com prédios históricos. Percorremos a Plaza de Armas, visitamos a Catedral, e alguns outros pontos turísticos. Ali conhecemos um pouco da música que se tocava em um instrumento de sopro andino - as zampoñas, que pode ser descrita como um feixe de tubos de um bambu fino, de tamanhos diferentes, que amarrados reproduzia um som específico de flauta.

Afora a cultura local, era preciso dormir, e sem comprometer as nossas reservas financeiras. Mais uma vez, um colégio com um aspecto familiar, o Colégio Brasil. Lá fomos nós, mais uma vez, salvos pela hospitalidade boliviana. Mais umas noites no chão duro, mas isto era o de menos. Dali foram para o correio as primeiras cartas, dando notícias dos percalços dos viajantes.

Próxima parada, La Paz, 3.640 metros de altitude. Uma viagem tranquila. Saímos de Cochabamba às 6:30h da manhã. Ao chegar, a primeira visão da cidade localizada numa cratera, foi dos telhados de zinco ao cair da tarde, refletindo a luz do sol. Nos hospedamos nos arredores, num pequeno hotel, por indicação de um amigo que já havia passado por lá.

Apesar do pouco fôlego, em decorrência da altitude, caminhamos bastante. Estivemos na universidade onde aprendemos um pouco sobre  a história dos povos do período pré-colombiano. De ônibus fomos até a Porta do Sol, uma ruína chamada de Tihauanaco, de grande importância arqueológica, mas decepcionante para os leigos turistas.

Nenhum comentário:

Postagem em destaque