terça-feira, 13 de novembro de 2012

O CORONEL CAZUZA


Nascido em Minas do Rio de Contas, Bahia, em 1846, descendente de açorianos que aportaram na Bahia em fins do século XVIII, José de Vasconcellos Bittencourt Júnior, mais tarde conhecido carinhosamente como Coronel Cazuza, migrou em direção ao Sul do país ainda jovem, tendo chegado à Casa Branca, São Paulo, no ano de 1878. São escassos os registros de sua estadia na Bahia, entre as quais uma procuração registrada em cartório do município de Caetité, através da qual autoriza a venda de escravos a ele pertencentes. Era um expediente muito usado em razão das restrições crescentes ao tráfico de negros, inclusive de uma província para outra. 

Em terras paulistas desenvolveu atividades empresariais e políticas. Exerceu mandato de vereador casabranquense no período de 1883 a 1887. 

Aqui vale uma pausa para tratar de uma questão de natureza genealógica. Merece comentário uma nota publicada no jornal O Estado de São Paulo, datada de 30 de julho de 1882, e assinada por um cidadão chamado Augusto Cesar Correa. O referido senhor se sentiu na obrigação de esclarecer que apoiou José de Vasconcellos Bittencourt Júnior para vereador naquelas eleições, negando que houvesse votado em outro candidato. A novidade a ser destacada nesta publicação, nem sempre registrada na maioria das anotações encontradas, é a referência ao complemento "Júnior" acrescido ao nome do então futuro Coronel, indicando que fora batizado com o mesmo nome do pai. Esta informação deve ser agregada a tantas outras, inclusive certidão expedida por Cartório de Rio de Contas, dando conta chamar-se José, o pai de Rodrigo de Vasconcellos Bittencourt. Este é, portanto, mais um dado que sugeria que o Coronel Cazuza e Rodrigo de Vasconcellos Bittencourt eram irmãos. Esta dúvida foi sanada conclusivamente com a análise do Inventário de Dona Rodriga de Castro Meira Vasconcellos, sua mãe.

Voltemos à trajetória do Coronel Cazuza no interior paulista, para destacar o seu papel na emancipação do município de Thambaú, desmembrado de Casa Branca em 1898. Considerado um dos principais emancipadores, foi eleito e empossado como primeiro presidente da Câmara da nova municipalidade. Também outros parentes se dedicaram à vida política: Augusto e Rodrigo, Gabriel e Augusto Júnior, principalmente em Casa Branca.

Em 1886, há registros da participação do Coronel em uma "reunião de capitalistas" conforme noticiou o periódico A Província de São Paulo. O objetivo era discutir a ampliação da estrada de ferro de modo a alcançar o município de Casa Branca, a partir da via férrea D. Pedro II. A mesma nota registra que passou a integrar comissão eleita naquela oportunidade para levar adiante o objetivo, que mais tarde se concretizaria. A ferrovia foi muito importante para o desenvolvimento da economia cafeeira na região. 

O Coronel Cazuza foi proprietário de diversas fazendas ou partes delas, entre as quais a Fazenda Terra Vermelha, a Fazenda Palmeiras da Terra Vermelha (com 824,3 ha), bem como a Fazenda Terra Vermelha de Cima, todas localizadas na região de Casa Branca. Em alguns destes empreendimentos teve como sócio Augusto de Vasconcellos Bittencourt. 

A intensa atividade política como vereador e dirigente partidário, implicou na divulgação de fatos da sua vida pública, e também privada, nos jornais da época. O correspondente do jornal O Estado de São Paulo, em Casa Branca, registrou em fevereiro de 1901, por exemplo, que um baile realizado em sua residência contou com a presença da "flor da sociedade de Tambaú", festejando até o amanhecer. No mesmo ano, em dezembro, é ressaltada a sua escolha na Convenção partidária municipal para participar da reunião do Diretório estadual na capital paulista. As notícias da sua movimentação são de tipo variado, inclusive sobre de natureza particular: em 1890, é registrado como hóspede recém chegado no Hotel Franca, em São Paulo; em julho de 1899, faz publicar nota dando conta da perda de uma mala na primeira classe do trem de São Paulo a Casa Branca, na qual haveria documentos, prometendo recompensa; em junho de 1901 esteve "ligeiramente enfermo"; em julho, deslocou-se a São José do Rio Pardo para “buscar sua esposa que ali se achava em tratamento”; também em julho de 1901, é empossado em grau mais elevado na Loja Maçônica Humanidade e Progresso; em fevereiro de 1902, seguiu a passeio para Ribeirão Preto. Como se vê são referências ao cotidiano de alguém que o noticiário considerava importante registrar em função de seu papel na sociedade local. 

Sua dedicação à política não o fez descuidar dos negócios, contudo, especialmente na condição de produtor de café. Conforme o periódico A Província de São Paulo, o então capitão teria recusado uma oferta de 70:000$ (70 contos de réis) por sua safra de café, em Casa Branca, no ano de 1902. Ainda sobre as atividades rurais, há registro de uma hipoteca no ano de 1890 e, em 1906, um empréstimo de 80:402$720 réis com juros de 12% ao ano, entregando em garantia uma safra de café calculada em 20 mil arrobas, depois de beneficiada. 

Com o encerramento do seu mandato na presidência da Câmara de Tambaú, em 1902, não se encontra novos apontamentos sobre sua atividade, salvo vinte anos depois, em novembro de 1921, quando, aos 73 anos, presidiu uma assembleia para a criação da Irmandade Beneficente de Tambaú. Em 30 de janeiro de janeiro de 1925, aos 77 anos, morre o Coronel, que continuou sendo lembrado pela Loja Maçônica do município que ajudou a fundar. Anualmente, cidadãos que se destacam naquela localidade paulista, são homenageados com a entrega de uma Honraria que leva o nome do Coronel Cazuza, que segundo os organizadores é como se tornou conhecido popularmente o Sr. José de Vasconcellos Bittencourt. Novembro/2012

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

ANTÔNIO MARTINIANO, UM MOURA EM SÃO PAULO




Uma conversa puxa a outra. Assim acontece também com o desenrolar desse novelo sobre as famílias que viveram nas Minas do Rio de Contas no século XIX e que se transferiram para São Paulo nas décadas que antecederam à chegada do novo século.

Há várias tentativas de explicação para o deslocamento de riocontenses para o sul do país, e entre os argumentos mais encontrados nos estudos históricos estão aqueles que de alguma forma relacionam a migração ao tráfico de escravos, às condições climáticas adversas em meados do século XIX e, especificamente, à crise na produção e nos preços de produtos agrícolas.

De fato, com a proibição do tráfico externo de escravos em 1850, desenvolveu-se o comércio interno entre as regiões do país, estimando-se que “até ser abolido oficialmente em 1885, o tráfico interprovincial movimentou nada menos do que 200 mil escravos das províncias do norte para as do sul” (1).

À medida que a legislação restringia a escravidão, como no caso da Lei do Ventre Livre, de setembro de 1871, aumentava a demanda por trabalho escravo nas principais regiões produtoras. Somente com a edição da Lei Saraiva-Cotegipe, é que todo o tráfico intra e entre províncias foi proibido.

Em São Paulo, entre 1861 a 1887, o destino dos escravos “do norte” era os municípios cafeeiros, notadamente Guaratinguetá e Casa Branca, com destaque para este último. Em Casa Branca, 28,8% dos procuradores de vendedores de escravos correspondiam a residentes na Bahia, em especial Vila Velha, Caetité e Rio das Contas (2).

Adicionalmente à demanda sulista por mão de obra escrava, outro fator que impulsionou o fluxo migratório foi a crise econômica instalada nas regiões produtoras de algodão e açúcar. Os baixos preços desses produtos fizeram com que as atividades produtivas permanecessem estagnadas, limitando a necessidade de trabalho braçal. Assim, a venda de escravos representava para os grandes proprietários uma saída para a recuperação do capital investido na produção agrícola (1).

As condições adversas do clima também devem ser consideradas nestas análises. Segundo o Prof. Erivaldo Neves da UEFS, “depois da catastrófica seca de 1857-1861, que despovoou os sertões nordestinos, novo período de estiagem disseminou logo o pânico popular e provocou a emigração em massa e a venda da escravaria”(3).

Como se sabe, entre as famílias baianas possuidoras de escravos que migraram para Casa Branca estão os Spínola, os Vasconcellos Bittencourt, mas também os Moura de Albuquerque. Pois é sobre um Moura em especial que se dedica este texto a discorrer, dando uma breve notícia sobre sua descendência em São Paulo.

Efetivamente, entre as “procurações de senhores para venda alhures de escravos, indicando transferência de mão-de-obra cativa da policultura de Caetité para a monocultura do café na fronteira agrícola do Oeste Paulista”, no dizer do texto “Sampauleiros Traficantes”, encontra-se o nome de Antônio Martiniano de Moura e Albuquerque (3).

Antônio Martiniano é filho de Manuel Justiniano de Moura e Albuquerque (falecido em 1881) e Auta Rosa de Moura e Meira, ambos com papel relevante nos relatos históricos e mesmo romanescos sobre a guerra entre os Moura e os Cangussú, que levou a intranquilidade e a morte para muitas famílias do sertão em meados do século dezenove.

Antonio Martiniano casou-se com D. Maria Delfina de Moura Bittencourt, filha de sua prima Ana Amélia Moura e do Major Francisco de Vasconcellos Bittencourt. Este, descendente direto dos primeiros Vasconcellos Bittencourt que chegaram à Bahia vindos Açores.

Um registro importante sobre a atividade de Antônio Martiniano é encontrada nos arquivos municipais de Rio de Contas. Em 1877, o presidente da Província da Bahia encaminha correspondência ao Juiz daquela localidade solicitando informações "sobre Antonio Martiniano de Moura e Albuquerque, que devia imposto provincial por se mudar para São Paulo, levando consigo cerca de duzentos escravos" (4). "Albuquerque era um dos traficantes do Alto Sertão que vendia escravos para o Oeste Paulista por meio de procurações passadas pelos escravistas, e talvez tenha usado o artifício da mudança para outra província para traficar mais livremente." Ao concluir, o estudo considera ser difícil mensurar o impacto do tráfico interprovincial no município, uma vez que não havia controle sobre o mesmo"(5).

O fato é que Antônio Martiniano transferiu-se para São Paulo, mais especificamente para Casa Branca como tantos outros riocontenses, em especial os Vasconcelos Bittencourt.

Uma Lei de 1881, assinada pelo Senador e Presidente da Província de São Paulo Florencio Carlos de Abreu e Silva, estabelece que "Fica pertencendo ao município de Casa Branca e desanexado do de Pirassununga a fazenda do tenente-coronel Antonio Martiniano de Moura e Albuquerque" (6). Mais tarde esta região é desmembrada para constituir um município autônomo em maio de 1886.

Trata-se do município de Santa Cruz das Palmeiras, cuja história aponta a existência de fazendas de produção de café relevantes para a formação do município entre as quais está a "fazenda Maracajú, de Antonio Martiniano de Moura Albuquerque" (7).

Um segundo Antonio Martiniano de Moura e Albuquerque, filho do primeiro, é identificado em Sao Paulo, tendo sido nomeado por decreto de 31 de julho de 1905 a capitão da primeira companhia da Guarda Nacional na Comarca de Santa Rita de Passa-Quatro. Antonio Martiniano, o segundo, casa-se com D. Maria das Dores Cardoso de Moura Albuquerque (8).

Entre os filhos de D. Maria das Dores (que registra um terceiro Antônio Martiniano) está aquele que consagrou-se como membro do Ministério Público daquele Estado: Mário Tobias de Moura e Albuquerque. Nascido em Santa Cruz das Palmeiras, no ano de 1904, faleceu em 1967, aos 62 anos. Bacharel pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em 1927, teve participação ativa na Revolução Constitucionalista de 1932, ingressando no batalhão Voluntários de Itapetininga. Em 1956, torna-se Procurador-Chefe do Ministério Público, voltando a assumir o posto entre 1964 e 1965. Em São Paulo emprestou o nome a uma escola e a uma penitenciária estaduais.

Assim, aos poucos, vai se desvendando os segredos da migração dos baianos de Rio de Contas para o oeste paulista, contribuindo para o desenvolvimento daquele estado.



1  ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE era filho de MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (filho de MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES) e   AUTA ROSA DE MEIRA E MOURA E ALBUQUERQUE.
              ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE  casou-se com 
              MARIA DELFINA DE MOURA E ALBUQUERQUE e tiveram filhos, entre os quais:
             2.  M    i     ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (FILHO)
             3.  F     ii    ANA AMÉLIA DE MOURA ALBUQUERQUE
             4.  F     iii   BELA ROSA MOURA DE ABREU
             5.  F     iv   AUTA DE MOURA BITTENCOURT


      2   ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (FILHO) casou-se com 
             MARIA DAS DORES  CARDOSO DE MOURA(1882-1960) e tiveram filhos:
             6.   M    i     ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (NETO)
             7.   F     ii    ANTONIETA MOURA PENTEADO
             8.   M    iii   MÁRIO TOBIAS MOURA ALBUQUERQUE
             9.   M    iv   JORGE MOURA ALBUQUERQUE
     
     3    ANA AMÉLIA DE MOURA ALBUQUERQUE ou ANA VIEIRA DE CARVALHO
               casou-se com ALBERTO VIEIRA DE CARVALHO
  
     4   BELA ROSA MOURA DE ABREU casou-se com JOSÉ DE LACERDA ABREU 
            e tiveram filhos:
           10   F        i     ODETTE MOURA DE ABREU
           11   M       ii    OMAR MOURA DE ABREU
           12   M       iii   JOSÉ MOURA DE ABREU
           13   M       iv   ANTONIO MOURA DE ABREU
           14   M       v    OLAVO MOURA DE ABREU
           15   M       vi   OSWALDO MOURA DE ABREU
           

     5    AUTA DE MOURA BITTENCOURT casou-se com 
              GABRIEL DE VASCONCELLOS BITTENCOURT


      6    ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (NETO) 
                (1903-1975) casou-se com  LUCINDA DE MOURA E ALBUQUERQUE e 
                tiveram filhos:
             16   F       i  TEREZA CRISTINA  GUIMARÃES

      7    ANTONIETA MOURA PENTEADO casou-se com JOAQUIM PENTEADO

      8    MÁRIO TOBIAS MOURA ALBUQUERQUE (1902-1967) casou-se com 
                 DULCE BOTELHO DE MOURA ALBUQUERQUE (1910-1998) 
                 e tiveram como  filha:
             17   F       i   LÚCIA BOTELHO DE MOURA ALBUQUERQUE 

      9    JORGE MOURA ALBUQUERQUE casou-se com 
                 MARIA MAROLDO DE MOURA ALBUQUERQUE




REFERÊNCIAS

     (1) A participação da Bahia no tráfico interprovincial de escravos (1851-1881)
Ricardo Tadeu Caíres Silva (Mestre em História Social –UFBA) Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí- PR. Universidade Federal do Paraná –UFPR (Pós-Graduação/ Doutorado)
     (2) O tráfico de escravos na Província de São Paulo: Areias, Silveiras, Guaratinguetá e Casa Branca, 1861 – 1887. José Flávio Motta
    (3)SAMPAULEIROS TRAFICANTES: COMÉRCIO DE ESCRAVOS DO ALTO SERTÃO DA BAHIA PARA O OESTE CAFEEIRO PAULISTA. Erivaldo Fagundes Neves. UEFS – Universidade Estadual de Feira de Santana.
       (4) Kátia Lorena Novaes Almeida. ALFORRIAS EM RIO DE CONTAS – BAHIA 
Século XIX. Dissertação   apresentada   ao   Curso  de   Mestrado   em História   Social,   Faculdade   de    Filosofia  e   Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia 
     (5) ANTILUSITANISMO E IDENTIDADES POLÍTICAS EM MINAS DO RIO DE CONTAS (1822-1836). Projeto de pesquisa. Mestrado de História UFBA. Moisés Frutuoso.
     (6) Lei Provincial da Assembléia de São Paulo n° 77, de 17/06/1881
 (7) Câmara de Vereadores de Santa Cruz das Palmeiras encontrado em http://www.camarascpalmeiras.sp.gov.br/historia.html
      (8) Diário Oficial de São Paulo, 5 agosto de 1905 pág. 3738.

domingo, 2 de setembro de 2012

OS MOURA, de Boa Sentença



A família Moura há muito se estabeleceu no alto sertão da Bahia. Entre as fazendas que se instalaram estão a fazenda Santa Rita, Lagoa o Timóteo, em Boa Sentença - a mais célebre de todas, hoje conhecido distrito de Marcolino Moura, município de Rio de Contas. A atual denominação é uma homenagem das mais apropriadas àquele que foi um dos filhos que obteve a maior projeção nacional por sua atuação parlamentar, militar e também social pelo seu engajamento no movimento abolicionista: o Coronel Marcolino de Moura e Albuquerque.

Os Moura tiveram destacada atuação política no desenvolvimento da região, seja em Rio de Contas, Livramento de Nossa Senhora, Condeúbas, Barra da Estiva ou Brumado. Entre aqueles que se notabilizaram nacionalmente estão ainda os barões Joaquim Augusto de Moura (Barão de Vila Velha), e José Hegídio de Moura de Albuquerque (Barão de Santo Antônio da Barra), primos em primeiro grau. Antes deles, tornaram-se famosos seus pais, Manuel Justiniano e Martiniano de Moura e Albuquerque, pois tomaram parte em uma disputa familiar contra os Cangussu que resultou em muitas mortes, conforme inúmeros relatos históricos (1).

Regionalmente, os Moura tiveram papel destacado, a exemplo dos irmãos Juvêncio e Marcolino Risério de Moura - filhos de Constança Rosa de Moura e Wenceslau Risério de Araújo. Juvêncio e Marrcolino foram intendentes, respectivamente, de Barra da Estiva e Brumado, por mais de uma oportunidade.

As famílias Moura e Albuquerque e Vasconcellos se uniram algumas vezes ao longo do último século e meio. Da união de Martiniano de Moura e Albuquerque e Francisca Joaquina de Carvalho Vasconcelos nasceram Ana Amélia Moura e o Barão de Vila Velha, também conhecido como Barão da Lagoa.  Francisca Joaquina era filha de Timóteo Vasconcelos. Ana Amélia Moura casou-se com o Major Francisco Vasconcellos Bittencourt e tiveram filhos: Auta Amélia, Augusto, Maria Delfina, Idália, Eliza e Francisco Vasconcellos Bittencourt Filho.

Outro enlace entre as famílias ocorre  entre Theódulo de Moura e Albuquerque, filho do citado Manuel Justiniano, e Amanda Castro Vasconcelos.

O Major Francisco Vasconcellos Bittencourt é referido em estudos genealógicos como filho de outro Francisco de Vasconcellos Bittencourt, supostamente, um dos três irmãos que chegaram dos Açores e se estabeleceram nas Minas de Rio de Contas. Outros apontamentos indicam que o Major Francisco seria "provável irmão" de Rodrigo de Vasconcellos Bittencout, embora não sejam apresentados elementos comprobatórios ou indícios desta relação de familiaridade.

Já em São Paulo, casaram-se Gabriel de Vasconcellos Bittencourt, filho de Rodrigo e Umbelina, e Auta de Moura Albuquerque, filha de Antônio Martiniano e Auta Rosa.

Por fim, entrelaçam-se os Moura e Vasconcellos no casamento de Camila e Faustino. Ela, filha de Constança Rosa e Wenceslau; ele, Faustino de Vasconcellos Bittencourt, também filho de Rodrigo e Umbelina. Daquela união nasceram Osório, Bela, Camilo, Virgílio e José.

A este relato segue uma descrição de toda a árvore genealógica dos Moura a partir do patriarca Martiniano José de MouraMagalhães até os seus bisnetos, num total de oitenta e um familiares. Não se trata de um levantamento conclusivo, tendo sido construído por familiares, sem que se tenha à disposição certidões, testamentos ou documentos de natureza assemelhada. Submete-se, assim, à crítica para sugestões, complementos e correções.

Sobre o patriarca registra-se uma passagem histórica documentada em artigo acadêmico acerca de uma demanda jurídica que teve Martiniano com uma ex-escrava sua, Martinha, cuja alforria ele quis reverter(2)


Martiniano José casou-se com uma Albuquerque, Maria Efigênia. Esta, por sua vez, filha de Bernarndo de Matos e Albuquerque e Lizarda Liberata da Vitória Rocha, que foram proprietários de amplas terras na região. Martiniano José era proveniente das Minas Gerais não havendo registro de outros Moura ancestrais a ele em Rio de Contas (3).


(1)   Sobre o assunto ver o romance de Afrânio Peixoto, "Sinhazinha"; os estudos em "A História de Castro Alves", de Pedro Calmon; e de Lycurgo Santos Filho: "Uma comunidade rural do Brasil antigo". Manuel Justiniano de Moura era pessoa influente na região. Em 1831 era Juiz conforme dissertação de mestrado em História pela UFBA de Nanci Patricia Lima Sanches, intitulada ” Os livres pobres sem patrão nas Minas do Rio das Contas/Ba – Século XIX (1830-1870)”

(2) Veja em http://vasconcelosbahia.blogspot.com.br/2012/08/marcolino-moura-o-abolicionista.html Os referidos estudos: "Senhores nos bancos dos réus" são de Ricardo Tadeu Caíres Silva.

(3) Informações sobre a família Moura Albuquerque também são encontradas no livro de Mozart Tanajura "História de Livramento: a terra e o homem", 2003, Coleção Cidades da Bahia.


DESCENDENTES DE MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES
(Alterada em 08/01/2018 com as informações do Inventário de Sebastião José Silva Meira casado com Maria Carlota Moura e Albuquerque)

1. MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES (I)
MARTINIANO JOSÉ casou-se com MARIA EFIGÊNIA DA ROCHA E ALBUQUERQUE e tiveram os seguintes filhos:

2     M    i     JOSÉ HONÓRIO DE MOURA E ALBUQUERQUE

3     M    ii    MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE

4     M    iii   MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE

5     F     iv   MARIA CARLOTA DE MOURA E ALBUQUERQUE


2. JOSÉ HONÓRIO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


3. MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
MANOEL JUSTINIANO casou-se com  AUTA ROSA DE MEIRA E MOURA (AUTA ROSA MEIRA DE MOURA E ALBUQUERQUE) e tiveram os seguintes filhos:

6    M    i      JUVENCIO DE MOURA E ALBUQUERQUE

7    M    ii     TEÓDULO DE MOURA E ALBUQUERQUE

8    M    iii    FULGÊNCIO DE MOURA E ALBUQUERQUE
 
9    M    iv     MARCOLINO DE MOURA E ALBUQUERQUE

10  M    v      ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE

11  M    vi     JOSÉ HEGÍDIO DE MOURA E ALBUQUERQUE

12  M    vii    MANOEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE FILHO

13  M    viii   AUGUSTO DE MOURA E ALBUQUERQUE

14  M    ix     MARCELINO DE MOURA E ALBUQUERQUE

15  F     x      CAMILA AUGUSTA DE MOURA E ALBUQUERQUE

16  F     xi     MARIA ROSA DE MOURA E ALBUQUERQUE

17  F     xii    ANA DE MOURA E ALBUQUERQUE

18  F     xiii   BELA DE MOURA E ALBUQUERQUE

19  F     xiv   AUTA DE MOURA E ALBUQUERQUE

20  M    xv   FLORINDO DE MOURA E ALBUQUERQUE

21 M    xvi   HONÓRIO DE MOURA E ALBUQUERQUE

22  M   xvii   HERCULANO DE MOURA E ALBUQUERQUE


4. MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
MARTINIANO casou-se com FRANCISCA JOAQUINA DE CARVALHO VASCONCELOS e tiveram filhos:

23  M    i       JOAQUIM AUGUSTO DE MOURA E ALBUQUERQUE

24  F     ii      ANA AMÉLIA DE MOURA E ALBUQUERQUE

25  F     iii     MARIA FLORINDA DE MOURA E ALBUQUERQUE



5.  MARIA CARLOTA DE MOURA E ALBUQUERQUE (MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
MARIA CARLOTA casou-se com SEBASTIÃO JOSÉ SILVA MEIRA e tiveram sete filhos:

26  M    i       SEBASTIÃO

27  F     ii      MARIA 

28  F     iii     CÂNDIDO

29  M    iv     JOSÉ

30  F     v      CONSTANÇA ROSA DE MOURA

31 F     vi      FLORA

32 F     vii     ANNA

6.  JUVÊNCIO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


7.  THEÓDULO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
THEÓDULO casou-se com AMANDA CASTRO VASCONCELOS e tiveram os seguintes filhos:

33  F     i       ADÉLIA DE MOURA VASCONCELOS

34  F     ii      ANA DE MOURA VASCONCELOS



8.  FULGÊNCIO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES, MANOEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE). Filhas:

35  F     i      ANA DE MOURA E ALBUQUERQUE

36  F     ii     ADELAIDE DE MOURA E ALBUQUERQUE

37   F    iii    BELA DE MOURA E ALBUQUERQUE


9.  MARCOLINO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
MARCOLINO casou-se com AMÉLIA LANDULFO MEDRADO e tiveram um filho:

38   M   i      AUTO MARCOLINO DE MOURA MEDRADO


10. ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (filho de MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (filho de MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)AUTA ROSA DE MEIRA E MOURA E ALBUQUERQUE.
ANTONIO MARTINIANO casou-se com MARIA DELFINA DE MOURA E ALBUQUERQUE e tiveram filhos:

39   M     i     ANTONIO MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (FILHO)
40   F     ii    ANA AMÉLIA DE MOURA ALBUQUERQUE
41   F     iii   BELA ROSA MOURA DE ABREU
42   F     iv   AUTA DE MOURA BITTENCOURT


11.  JOSÉ HEGÍDIO DE MOURA E ALBUQUERQUE, BARÃO DE SANTO ANTÔNIO DA BARRA (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES).  Não se casou.


12.  MANOEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE FILHO (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES).


13.  AUGUSTO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
AUGUSTO casou-se com Maria Medrado e tiveram filhos:

43  F    i      LAURA MEDRADO DE MOURA

44  F    ii     ROSA MEDRADO DE MOURA

45  F    iii    MARIA JOSÉ DE MOURA E ALBUQUERQUE

46  M   iv    CARLOS DE MOURA E ALBUQUERQUE

47  M   v     AUGUSTO DE MOURA E ALBUQUERQUE FILHO

48  F    vi    ALZIRA MEDRADO DE MOURA


14.  MARCELINO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)

15.  CAMILA AUGUSTA DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
CAMILA casou-se com JOSÉ CORDEIRO E SILVA e tiveram uma filha:

49   F   i     RACHEL AUGUSTA DE MOURA E SILVA


16. MARIA ROSA DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


17. ANA DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
ANA casou-se com APIO CLÁUDIO DA ROCHA MEDRADO e tiveram filhos:

50   M  i     ARMANDO APIO DE MOURA MEDRADO

51   M  ii    JOSE FRANCISCO DE MOURA MEDRADO

52   M  iii   MANUEL JUSTINIANO DE MOURA MEDRADO

53   M  iv   ELÍZIO DE MOURA MEDRADO

54   M  v    OSCAR DE MOURA MEDRADO

55   F   vi    ISAURA DE MOURA MEDRADO

56   F   vii   ALZIRA DE MOURA MEDRADO

57   F   viii MARIETA DE MOURA MEDRADO

58   F   ix   ANITA DE MOURA MEDRADO

59   F   x    OLGA DE MOURA MEDRADO


18. BELA DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


19. AUTA DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


20. FLORINDO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
FLORINDO casou-se com AUTA AMÉLIA DE MOURA E ALBUQUERQUE


21. HONÓRIO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


22. HERCULANO DE MOURA E ALBUQUERQUE (MANUEL JUSTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


23. JOAQUIM AUGUSTO DE MOURA E ALBUQUERQUE, O BARÃO DE VILA VELHA (MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
JOAQUIM AUGUSTO casou-se com CARLOTA JOAQUINA DE MATOS


24. ANA AMÉLIA DE MOURA (MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
ANA AMÉLIA casou-se com o MAJOR FRANCISCO VASCONCELLOS BITTENCOURT e tiveram filhos:

60   F   i     AUTA AMÉLIA DE MOURA BITTENCOURT

61   M  ii    AUGUSTO DE MOURA BITTENCOURT

62   M  iii   FRANCISCO VASCONCELLOS BITTENCOURT FILHO (1)

63   F   iv   MARIA DELFINA DE MOURA BITTENCOURT

64   F   v    IDÁLIA DE MOURA VASCONCELLOS

65   F   vi   ELIZA DE MOURA BITTENCOURT


25. MARIA FLORINDA DE MOURA E ALBUQUERQUE (MARTINIANO DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
 MARIA FLORINDA casou-se com FAUSTINO FOGAÇA DE SOUZA


26. SEBASTIÃO DE MOURA (MARIA CARLOTA DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


27. MARIA EFIGÊNIA DE MOURA (MARIA CARLOTA DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


28.  ERMELINDA DE MOURA (MARIA CARLOTA DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)


29. JOSÉ HONÓRIO DE MOURA (MARIA CARLOTA DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
JOSÉ HONÓRIO casou-se com MARIA CÂNDIDA GUIMARÃES e tiveram os seguintes filhos:

66   M   i    JOSÉ HONÓRIO DE MOURA JÚNIOR

67   F    ii    MARIA CARLOTA GUIMARÃES DE MOURA

68   F    iii   UMBELINA GUIMARÃES DE MOURA

69  M    iv   NOLASCO GUIMARÃES DE MOURA

70  F     v    OLÍMPIA GUIMARÃES DE MOURA

71  F     vi   ELIZA GUIMARÃES DE MOURA

72  F    vii   MINELVINA GUIMARÃES DE MOURA

73  F    viii  HERCÍLIA GUIMARÃES DE MOURA

74  F    ix    IDÁLIA GUIMARÃES DE MOURA

75  F    x     ISABEL GUIMARÃES DE MOURA


30. CONSTANÇA ROSA DE MOURA (MARIA CARLOTA DE MOURA E ALBUQUERQUE, MARTINIANO JOSÉ DE MOURA MAGALHÃES)
CONSTANÇA casou-se com WENCESLAU RISÉRIO DE ARAÚJO e tiveram filhos:

76  M   i     FLORINDO RISÉRIO DE MOURA

77  M   ii    TEÓDULO RISÉRIO DE MOURA

78  M   iii   JUVÊNCIO RISÉRIO DE MOURA

79  M   iv   SEBASTIÃO RISÉRIO DE MOURA

80  M   v    MARCOLINO RISÉRIO DE MOURA

81  M   vi   AUGUSTA RISÉRIO DE MOURA

82  F    viii ADELAIDE RISÉRIO DE MOURA

83  F    ix   CAMILA RISÉRIO DE MOURA

84 F    x    BELA RISÉRIO DE MOURA

85  F    xi   DEOLINDA RISÉRIO DE MOURA

86  F    xii  MARIA CARLOTA RISÉRIO DE MOURA

87  F    xiii ANNA RISÉRIO DE MOURA


(1) Nascido a 25 de maio de 1855, conforme registro de batismo na Igreja do Santíssimo Sacramento da Vila e Minas do Rio de Contas

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